Brejo Grande faz de Sergipe segundo maior produtor de pólen apícola do Nordeste
Na região da Foz do São Francisco, entre belezas naturais e coqueirais, a apicultura é uma atividade em expansão. Com o tempo, a capacitação dos produtores locais, aliada ao conhecimento de tecnologias sociais e ao meio ambiente, fez com que os membros da antiga Associação de Catadores de Caranguejo do povoado Brejão dos Negros, município de Brejo Grande, migrassem para a produção e comercialização do pólen, alimento rico em proteínas e cheio de benefícios para a saúde. Hoje, os 33 apicultores da atual Associação Brejograndense de Criadores de Abelhas (ABECA) têm renda garantida e são responsáveis pela coleta, limpeza, processamento, envasamento e congelamento, colocando Sergipe como o segundo maior produtor de pólen apícola do Nordeste.
Nesta quinta-feira, 04, o secretário de Estado da Inclusão Social e do Trabalho, Zezinho Sobral, foi ver de perto o andamento das obras da sede da ABECA. A associação foi contemplada no segundo Edital de Arranjos Produtivos Locais (APLs), com o valor de R$ 289.350,37 (sendo R$ 15 mil de contrapartida da entidade) para elaboração do projeto arquitetônico e estrutural, execução da obra, cursos de qualificação profissional, aquisição e instalação de equipamentos, e obtenção de licença ambiental. A Seidh liberou a segunda parcela do convênio no valor de R$ 188.728,39, e com esse recurso, foi possível erguer a nova sede. Após a construção, será paga a última parcela de R$ 63.309,88, destinada à compra de equipamentos.
“Fiquei encantado com o que a ABECA produz. Não medimos esforços para apoiar as cooperativas e associações para a produção. O Baixo São Francisco sergipano é rico e produtivo. Esse é um projeto de inclusão e agrega muito valor na região porque dá emprego e renda. Os produtores de Brejo Grande possuem um projeto puro na sua essência é autossustentável. A tendência é organizar ainda mais, produzir mais e estar sempre no nicho de mercado. Não tenho dúvidas que, com a nova sede que será estruturada, a região vai se desenvolver muito mais, colocando Sergipe no mais alto patamar do Brasil em produção de pólen”, avaliou Zezinho Sobral.
A principal fonte do pólen é formada pelos coqueirais, que atraem as abelhas, sendo excelentes fornecedores. A produção não para, é o ano inteiro. Segundo Albson Bispo dos Santos, presidente da ABECA, a associação é a principal processadora da região, com capacidade de até 500 kg de pólen apícola por mês. Atualmente, o produto de Sergipe atrai olhares e consumidores do Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Tocantins, Bahia, Alagoas e Santa Catarina.
“O Projeto de Fortalecimento da Atividade Produtiva de Pólen Apícola da Região da Foz do Rio São Francisco busca o desenvolvimento profissional, a agregação de valores e a melhoria da estrutura produtiva. Com a nova sede pronta e equipada, nossa expectativa é aumentar a produção, incluir mais produtores e alcançar novos mercados. Nosso foco é o pólen, que se transformou em uma opção de renda. Alguns apicultores já conseguem tirar de 4 a 6 salários mínimos na produção. Contamos com 52 famílias associadas”, explicou o presidente.
O trabalho dos produtores da ABECA também é voltado à preservação ambiental. Tudo que é produzido é ecologicamente correto e devolvido à natureza. “O resíduo da estufa não é jogado fora e é levado de volta à abelha. Fazemos pasta para devolver. A abelha não sobrevive sem o pólen. Ela precisa dele e do mel para fazer a geleia real e alimentar as crias. Precisamos do trabalho da abelha e, ao mesmo tempo, cuidamos delas”, ressaltou Jucilene dos Santos, responsável técnica da ABECA. Ainda segundo Jucilene, com o produto qualificado, há um valor diferenciado no mercado. “Nosso sonho é ver a unidade totalmente padronizada, dentro dos critérios, para obter o selo do Serviço de Inspeção Federal (S.I.F.) do Ministério da Agricultura e ampliar nossas atividades”.
A diretora de Inclusão Produtiva da Seidh, Heleonora Cerqueira, conhece o trabalho da ABECA desde o início. Segundo ela, ver os produtores de Brejo Grande levando o nome de Sergipe para outros territórios, é motivo de orgulho. “A associação é fruto da persistência e da vontade dos apicultores. A sensibilidade do secretário Zezinho Sobral em incentivar as entidades mostra o quanto a Seidh fomenta a evolução do homem do campo. Os membros da ABECA começaram catando caranguejo e o presidente percebeu a capacidade de trabalhar com o pólen, ofertando cursos para os associados. O negócio emplacou e resultado é surpreendente. Pesquisadores e técnicos das universidades sergipanas já atestaram cientificamente a pureza do pólen. Fico feliz em conhecer a história e ver esse crescimento”, comemorou.